O corpo é de plástico?
Sejam
todos bem vindos!!!
É
num ritmo de festa que convidamos todos para adentrar esse projeto.
“O
corpo é de plástico?” é mais que um espetáculo. É uma indagação sobre o corpo
que festeja e faz arte.
Corpo
que nos carrega,
corpo
que somos.
Meu
corpo pedaço do mundo,
Seu
corpo pedaço de mim.
Se é de plástico ou não, pergunte. Vamos juntos!
Entre conosco!
Metáfora
do corpo que somos e carregamos O corpo é de plástico? é um trajeto
de amizade, de festividades, de arte e identidade.
Este
material foi tecido à dez mãos e costurado com muito comprometimento, sendo
gerando, assim como as espetacularidades da cultura popular brasileira, de seu
modo faceiro, comprometido e com muita delonga. Delonga que marca o tempo de
tantas manifestações populares onde o corpo é festa, é folião, é brincante.
Tempo esse, marginal ao tempo corrido da vida contemporânea, vazio, superficial,
ou seja, de uma sociedade de plástico.
As
manifestações literárias aqui presentes voltam atenção à cultura popular e
tradicional brasileira como retomada crucial da identidade de um “sujeito
fragmentado”. Que sujeito é esse fragmentado? Somos todos nós imersos numa rede
global e desapropriados de identidade. Justamente por envolver-nos tão
freneticamente nessa rede, de modo tão pouco preocupado, critico, autônomo e
participativo deixamos de lado primazias que aos poucos se transformam numa
cultura global e de massa.
Os
limites estão frouxos, as fronteiras ora existem no contraste, ora não se
definem. É a geleia geral do mundo moderno. Não compactuamos com a proposta de
vilania da globalização. Pelo contrário. Estamos num contínuo movimento
artístico que traz se funda e traz a tona realidades da nossa cultura, pessoas
em busca de suas identidades, histórias transpassadas e que podem se entendidas
como saber imersas nesse mundo.
Retomamos
temas não tão comuns na era digital como as brincadeiras corporais, cantigas de
roda, festividades de folias. Resgatamos através da arte o corpo folião e
brincante. Corpo que em metamorfose constante a cada intenção e movimento.
Plasticidade da cena, da dança. O corpo transforma-se em infinitas paisagens,
sonoridades e vem povoar nosso universo imaginativo. Deixe-se envolver um pouco!
O
mundo de plástico em seu sentido figurativo e metafórico está em crise? Muitos
estudiosos estão falando da crise do mundo atual. Crise disso, crise daquilo...
Crises de identidades, sociais e crises ambientais...
Como
artistas apaixonados por nossa ação, estamos aqui, em movimento, girando nossos
mundos, cirandando de mãos dadas, volteando sem parar. Criticamos, criamos,
politizamos, dançamos. O corpo é nosso suporte de trabalho, ele é o nosso
próprio trabalho. É no corpo que está nossa identidade e através dele apresentamos
nossa visão de mundo.
O
corpo ganha na nossa sociedade uma dimensão social, onde o excesso de cuidado
está vinculado ao surgimento de um corpo vazio, de um corpo de plástico.
Privamos nossa estrutura corporal de experiências corporais e sensíveis do
movimento. O mundo gira em tono de uma rede virtual, pouco concisa, concreta
construindo relações superestimadas, rasa e artificial. A questão é o que está
na moda, o ser visto. Nesse aspecto somos corpos de plásticos, como uma garrafa
pet. Algo que se usa e joga fora. Plásticos modelados por qualquer novidade
massificante da sociedade.
Entendemos
que os corpos no contexto da cultura popular, longe de muitos imperativos dessa
sociedade desenvolvem modos particulares de expressão num rico manancial de
referencias limiares a nos artistas, estudantes, pesquisadores e interessados
em brincar, festar e cair na folia.
Hoje
o grande quintal muitas vezes é o pequeno quarto. Vamos aguçar nossa
imaginação. Que tal brincar com a dança? A cirandinha já não atrai tanto, então
vamos cirandar?
O corpo é de plástico? é espetáculo para ver, ouvir e
dançar!
Este
livreto apresenta produções de todos que permearam meu trajeto até a execução
desse novo espetáculo. O trabalho com Rosana Baptistella já vinha ocorrendo
desde 2005 e inseridos na pesquisa no universo da cultura popular. Nesse
momento a autora e artista da dança veem povoar nosso universo com o tema
Festa. O que é festa, vamos festar?
Juliana
e Marlene Freitas são conterrâneas lá do pontal do Triângulo Mineiro e que,
desde 2010, estão imersas em meu universo criativo. João
Riacho e a Moça do Rio é conto popular adaptado da tradição oral por
Juliana e apresenta-se neste material por completo. O conto teceu a dramaturgia
desse espetáculo e Juliana expõe as tessituras de sues processos de
incorporação da cultura oral para a cena e literatura no texto Girando histórias e recriando oralidades. Já
Marlene, mestre brincante e grande pesquisadora da cultura popular brasileira
demonstra o quanto as brincadeiras tradicionais podem estimular o
desenvolvimento do corpo dando significativa importância ao brincar para a
construção de um corpo vivo, o Corpo
Ciranda.
Festar,
girar e cirandar são ações envolventes do espetáculo “O corpo é de plástico?”.
Daniel
Santos Costa
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